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Título: SEGUE
ANEXA MINHA SOMBRA
Autora: Laís
Chaffe
Capa: Fotografia de Luiz Eduardo Robinson Achutti
Dimensões: 14 x 21 cm
Páginas: 176
Gênero: Poesia
Publicação: Bestiário / Class, 2019
PRÊMIO DA ACADEMIA
RIO-GRANDENSE DE LETRAS
PRÊMIO AGES de POESIA

Em Segue anexa minha sombra, tem
poemas de todos os tamanhos. E de todos os gêneros. Do
dístico ao haicai ao soneto. Tem poemas de todos os
tempos e lugares: da Grécia, poemas pós-modernos. Laís
Chaffe abole o tempo como uma boa poeta (poetisa não,
por favor), tem poemas do bebê ao velho. O velho pode
ser o menino, o pai pode ser o guri, pouco e muito
importa, Laís Chaffe abole a lógica como uma boa poetisa
(ops), nós e o passado logo ali na esquina. Tem poema
esquecido, tem poema de memória que serve comida
sírio-libanesa-universal do pai velho menino entre o
kibe e a kafta. Tem poema, tem sótão, tem pátio. É
variado, dissonante, polissemia de romance e, mesmo que
tenha prosa, é poesia sempre. Tem pergunta e, como não
tem resposta, é interminável por enquanto. Laís Chaffe
não faz charme e expõe as referências, tem Bandeira,
Drummond, Leminski, Quintana, Poe, Shakespeare, tem
salada russa de grão-de-bico, só de Manu tem dois, cadê
o fio? O vermelho, o de Ariadne, de Laís, o que salva o
apresentador-orelhista de se perder no vago assombro.
Laís deixa do fio a pontinha à mostra de ser poeta como
a criança que nunca parou de brincar e, em vez de
boneca, em vez de carrinho, em vez de bola, aceita o
convite das palavras para brincarem juntas. Laís sabe
que, para deter o tempo (a morte), a arte é o único
antídoto (tem Nietzsche). Laís poeta a persistência e
não arreda do poema enquanto ele/ela não lhe entrega o
último suco da imagem, adestrando cavalos-marinhos à
ideia do tempo que protesta títulos aos sons aos sons
aos sons sem trena sem treino sem régua: tem Pound.
Substantiva, essencial, mais suor do que
surto, mais sêmen do que sangue, ela
nunca, ela nunca, ela nunca recolhe por
inteiro este fio que salva o orelhista, aquele
fio de ela nunca deixar de brincar,
ego solto, manso da própria vaidade
metamorfoseada em algo maior
do que o ogro: a poesia. Podem chamar
de dístico, haicai, soneto. Poema
piada, aforismo. Chamo de jogo permanente,
brincadeira de criança crescida,
poeta poetisa, Laís brinca de sexo,
de amor, de vida e mostra que nem
a morte resiste ao humor do jogo com
o amigo leitor. Palhaça das hábeis, gozadora
esmerada no respeito máximo
de levar às veras – brincando – tudo
o que uma palavra pode render quando
brinca seriamente com a que vem
depois que brinca seriamente com a
que vem depois que brinca seriamente com
a que vem depois. Até que o livro termina.
Termina, vírgula: ecoa.
Celso Gutfreind |